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A Urgência da Transformação Digital na Construção Civil

8 de setembro de 2020Tempo de leitura: 9 minutos

A transformação digital nas empresas da construção civil tornou-se prioritária no mundo para aquelas que desejam se manter relevantes no mercado num futuro próximo. Através da transformação digital estas empresas conseguem garantir a excelência operacional, gerenciar riscos de maneira mais eficaz, concluir projetos dentro do prazo e do orçamento, melhorar a segurança dentro do canteiro de obra e, assim, tornar-se mais produtivas, apoiando o crescimento das economias mundiais.

Um dos pilares da transformação digital é levar novos processos, a mentalidade digital e tecnologias para o dia a dia de todos os profissionais envolvidos no segmento, independentemente da área de atuação. Democratizar por completo essa visão é um desafio para empresas que pretendem gerar inovações na construção civil, pela dificuldade em encontrar mão de obra capacitada. 

Um estudo global da IDC, chamado “Transformação Digital: O Futuro da Construção Conectada”, encomendado pela Autodesk ouviu 835 profissionais de grandes construtoras em 12 países da Europa, Américas e Ásia. Este órgão analisa mais de perto a indústria da construção mundial e os desafios encontrados por esta indústria para avançar na transformação digital, as mudanças de mindset necessárias para alterar seus processos internos e os investimentos necessários para trazer a indústria para a era digital. 

Conforme o relatório divulgado, 72% das empresas da indústria da construção no mundo acreditam que a transformação digital é prioridade, porém 58% das empresas estão recém engatinhando para tornar seus processos digitais, enquanto 28% estariam no meio do processo de transformação. Apenas 13% podem ser consideradas maduras em relação à adoção de novas tecnologias.

O relatório indica que o Japão lidera o ranking como o país onde o setor está mais avançado na transformação digital, seguido da Alemanha e dos Estados Unidos. Aponta ainda que a  Europa e as Américas apresentaram melhor desempenho do que a região Ásia-Pacífico (APJ) no que diz respeito à inovação no mercado da construção

Os desafios da indústria da construção civil:

 

No Fórum Econômico Mundial de 2016 foi apresentado o relatório “O Futuro da Construção”, preparado em colaboração com o Boston Consulting Group.

Trata-se de um documento da mais alta relevância para entender onde o setor da construção se encontra e quanto a transformação digital é necessária para a inovação desta indústria, visando buscar a sua modernização e industrialização, para reduzir significativamente a sua defasagem, em termos de produtividade, em relação aos setores mais avançados das demais indústrias.

Este relatório destaca que a população mundial nas áreas urbanas está aumentando cerca de 200.000 pessoas por dia. Todas estas pessoas precisam de habitação, bem como de infraestrutura social, transporte, saúde, educação e serviços públicos.

A partir destes desafios, a indústria da construção tem a obrigação moral e econômica de promover uma ampla transformação, reduzindo os custos da construção e o impacto sobre o meio ambiente, otimizando a utilização de materiais escassos e tornando os edifícios mais ecoeficientes, estreitando a lacuna da infraestrutura global e impulsionando o desenvolvimento em geral.

A chegada de tecnologias de ponta ao processo de produção, que marcam a Indústria 4.0, gera um leque inédito de possibilidades e novos negócios para o setor industrial. Do ponto de vista de mercado, trata-se de uma grande oportunidade para tornar a indústria mais produtiva, inovadora e competitiva. Já o setor da construção tem hesitado em abraçar as inovações tecnológicas. Sua evolução está estagnada, pressionando para baixo o índice de produtividade global da indústria.

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, a produtividade do trabalho na construção estagnou ou mesmo diminuiu nos últimos 50 anos. À luz de dados fornecidos pela OCDE, o crescimento da produtividade do trabalho no setor da construção civil não corresponde ao crescimento da produtividade do trabalho alcançado na economia em geral. As razões para isso são, entre outras, a fragmentação persistente da indústria; a colaboração inadequada entre os vários setores que compõem esta indústria; a dificuldade do setor em adotar e se adaptar a tecnologias inovadoras; as dificuldades em recrutar uma força de trabalho talentosa e pronta para o futuro; a transferência de conhecimento insuficiente de projeto para projeto.

produtividade construcao civil mundial

Fonte: Baseado nas estatísticas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

Segundo a empresa americana de consultoria empresarial McKinsey & Company, a construção civil só não tem pior desempenho que a agricultura. Na análise, foram considerados pontos como digitalização, gastos digitais, estoques de ativos digitais, transações, interações, processos de negócio, mercado, gastos digitais com funcionários, aprofundamento digital e digitalização no trabalho. Segundo o sócio da McKinsey & Company e especialista em produtividade de capital, Steffen Fuchs, a construção nunca investiu em tecnologia ou TI. Para ele, é por causa disso, que o mercado continua operando da mesma maneira que atuava nos anos 1940.

A importância do BIM na Transformação digital

A quarta revolução industrial 4.0 pode gerar um enorme crescimento econômico e reorganizar o setor da construção. Como exemplos dessas mudanças, estão o compartilhamento digital de informações, a produção digital (impressoras 3D e customização em massa), a automatização de processos mentais e a coleta de dados por sensores. Já entre as tecnologias emergentes, temos a internet das coisas (IoT), a inteligência artificial (AI), a manufatura aditivada, a realidade virtual e aumentada, a análise de Big Data e o Building Information Modeling (BIM) – sendo que, diz um estudo do Fórum Econômico Mundial, esta última é a nova tecnologia com maior probabilidade de aplicação e impacto futuro na construção civil. Como resultado, toda essa revolução traduz-se em maiores flexibilidade, velocidade de produção, qualidade do produto, produtividade, participação do cliente, além do surgimento de novos modelos de negócio.

As novas tecnologias digitais, como o próprio BIM, começaram a transformar a forma como os edifícios e as infraestruturas são concebidos, construídos e mantidos. O BIM é muito mais do que uma tecnologia para a transformação digital e deve ser considerado como uma metodologia estratégica e completa para aumentar a produtividade da construção, proporcionando economia de custos, construção aprimorada e gestão de implantação, melhor desempenho e qualidade ambiental, maior transparência e colaboração em toda a indústria.

O Brasil e a transformação digital através do BIM

Segundo o relatório do IDC, o Brasil é o país com menor nível de maturidade e o mais atrasado em relação às outras nações avaliadas, quando se trata da adoção de tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e modelagem 3D.

Entretanto, o documento também mostra que, apesar de o Brasil fazer menos uso das tecnologias mencionadas, há uma mudança em direção aos padrões internacionais de digitalização da construção civil. O Brasil também lidera quando o assunto é investimentos em softwares baseados em BIM (Building Information Modeling), ferramenta de gestão que reúne informações detalhadas de uma edificação, por meio de representação digital com desenhos em 3D.

O relatório aponta que adoção da tecnologia em questão no Brasil é de 53%, enquanto a adoção do BIM pelos outros países varia bastante, sendo a Coréia (48%), a Índia (47%) e a China (47%) as mais próximas do Brasil, no ranking, de acordo com o gráfico abaixo:

Fonte: IDC

No Brasil, a aplicação do BIM deu um passo importante com a aprovação do Decreto 10.306/2020, onde o governo estabelece o uso do método na execução direta e indireta de obras e serviços de engenharia realizados pelos órgãos públicos e entidades da administração pública federal a partir de janeiro de 2021. O Decreto é um desdobramento da Estratégia BIM BR com o objetivo de promover a difusão da tecnologia no Brasil para o avanço da transformação digital na construção, uma das bandeiras da Rede Construção Digital (RCD) do CTE – Centro de Tecnologia de Edificações.

A implementação da tecnologia BIM representa um caminho sem volta e, mesmo que o Decreto obriga somente a cadeia produtiva vinculada a projetos e obras públicas, grandes empresas de construção civil do setor privado já estão adotando, de forma voluntária, o BIM em seus projetos e obras.

Apesar do Governo Federal já ter estabelecido prazos para adoção do BIM em obras públicas, há uma grande pressão por parte do mercado, em todo mundo. A expectativa é que a obrigatoriedade logo se desdobre para o setor privado. O Brasil ainda se encontra num estágio muito incipiente de adoção da metodologia. 

 

De acordo com a CMAA Emerging Technologies Committee Members: Soad, mais de 30% dos custos globais na construção civil são gastos em campo devido a erros de coordenação, desperdício de material, ineficiência do trabalho e outros problemas na abordagem atual da construção. Para melhorar esta situação, a iniciativa do governo pretende aumentar em dez vezes a implantação do BIM. Com isso, espera-se que 50% do PIB da construção civil no Brasil utilize a metodologia até 2024.

Fonte: Spanish Chapter Building Smart Website

 

Benefícios da Implementação do BIM:

Dentre os benefícios da implementação do BIM estão os ganhos de produtividade, a redução de desperdícios, melhor compatibilização dos projetos, quantitativos exatos, desempenho e controle mais afinado da obra e da operação das edificações.  Por meio de protótipos e simulação da construção, o BIM permite criar melhores projetos e reduzir retrabalhos e desperdício de material e mão de obra. O BIM permite construir obras virtualmente, da concepção à demolição, passando por toda a operação ao longo de sua vida útil.

Fonte: ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) 

O que teremos no futuro? 

Segundo o IDC, embora muitas organizações em todo o mundo já estejam adotando a construção digital e trazendo inovações para seus negócios, o setor ainda não incorporou totalmente os benefícios da transformação digital devido aos desafios particulares que enfrenta em comparação com outras indústrias. A pesquisa sugere ainda que as empresas de construção civil acreditam que as soluções de inovação como fluxos de trabalho BIM, gerenciamento de licitações, gerenciamento de projetos e insights podem ajudar a melhorar seus projetos, e estão procurando novas tecnologias para acelerar sua transformação digital.

Diante do atual cenário mundial, diferentes setores estão adotando processos digitais e se adaptando à essa transição imposta pelas condições do momento. Daqui para frente, teremos que ser mais rápidos nessa adoção, pois vivemos uma nova era que requer processos mais ágeis e assertivo.

O setor de construção está enfrentando a realidade de ter que fazer mais com menos recursos. Precisamos de mais infraestrutura, mas temos uma escassez de mão-de-obra e margens cada vez menores. Para aumentar a produtividade e conseguir vencer em meio a esse cenário, as empresas devem abraçar a digitalização e conectar suas equipes, fluxos de trabalho e dados.

 

A realidade da construção civil brasileira

Se já existe alguma certeza sobre o mundo pós-pandemia é a de que seremos cada vez mais tecnológicos. O processo de transformação digital se tornou prioridade do dia para a noite em uma boa parte das empresas. Planos que foram avaliados por anos, mas postergados por pura comodidade, saíram das gavetas e se tornaram a única opção para a manutenção do faturamento da maioria. 

O mercado está ávido por novidades e soluções que possam ajudar na recuperação da crise que pegou de jeito as empresas envolvidas. Nos últimos anos, a construção civil se deparou com quedas consecutivas, perdeu espaço, investimentos e profissionais. 

Especialmente no Brasil, o setor passou por grandes turbulências. Enfrentou burocracias, enxergou o mercado em baixa, teve gastos elevados e falta de investimento, sem falar de desgastes políticos.

Além disso, os projetos do setor estão cada vez mais complexos e caros. Assim, tecnologia se apresenta  como solução, dando todo o apoio que essas empresas precisam para se destacar nesse contexto. Inclusive, ela pode ser útil em problemas que sempre foram pontos sensíveis para negócios do ramo, como:

  • O enorme desafio de aliar custo, logística e equipe em função de qualidade
  • A medição da evolução da obra e até a inspeção posterior
  • A gestão, qualificação e segurança na mão de obra ao longo do processo

No entanto, mesmo oferecendo meios para facilitar os processos de empresas do ramo, a transformação digital na construção civil ainda não é realidade para muitos negócios do segmento.

O setor da construção no país precisa se preparar para inovações disruptivas, de acordo com as tendências da Construção 4.0. A metodologia BIM faz parte desta tendência global e está progressivamente, se tornando um agente importante para preencher as lacunas necessárias relacionadas à melhoria na transformação digital e consequentemente, na produtividade do setor.

A Vera Zaffari & Co iniciou a implementação do BIM em 2014 e, desde lá, tem aprimorado seus processos internos, capacitando sua equipe e parceiros das diversas engenharias com o que há de mais atual nesta tecnologia, desenvolvendo novas rotinas e procurando através da transformação digital dos seus projetos entregar valor aos seus clientes. Desde lá já produziu mais de 500 mil m² de projetos em BIM e apoiou na transformação digital de seus clientes da indústria da construção civil.

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