Arquitetura comercial fortalece experiência de compras em mercados
11 de outubro de 2022Tempo de leitura: 4 minutosA arquitetura comercial e de varejo é aliada quando o assunto é transformar a experiência de compra do consumidor. Essencial para projetar espaços eficientes, o papel da arquitetura é trabalhar em todas as áreas, com foco não só na estética, mas na funcionalidade do mercado e na conveniência/comodidade do cliente.
“Pensar e elaborar um projeto de loja ou mercado é compreender os desejos, tanto do varejista quanto do consumidor final, pensando estrategicamente em cada detalhe para oferecer a melhor experiência possível”, exemplifica a arquiteta e sócia da VZ&CO, Rubiane Schneider.
Convidamos Rubiane para explicar como a arquitetura comercial pode fortalecer a experiência de compras nos mercados. Ela apresenta técnicas e soluções inteligentes para garantir que o ponto físico seja inovador, intuitivo e aconchegante . Veja:
1 – Qual o papel da arquitetura comercial no fortalecimento do varejo?
A arquitetura é estética e funcional. Estética, porque ela tem esse propósito de encantar e cativar o consumidor. Funcional, porque preza em layouts mais assertivos e rápidos para facilitar a vida do cliente dentro da loja ou mercado. Tudo isso vai depender de cada marca, valores etc.
Na parte estética, o projeto de arquitetura vai se preocupar em desenvolver diferenciais para atrair o cliente para a loja física. E isso a gente pode fazer por meio de uma fachada mais atrativa, com o uso da iluminação pontual e estratégica, elementos decorativos, as cores da marca combinadas de forma correta ou até mesmo trazendo mobiliários internos alocados na fachada de forma temporária, com intuito de promover a integração do ambiente externo e interno. São formas de interagir com o consumidor, convidando-o a acessar.
Já na funcionalidade do espaço, precisamos, primeiramente, entender o público alvo e o que ele busca, se é agilidade de compra ou comodidade nas escolhas. Esses pontos são essenciais para se pensar em um layout bem estruturado, como a viabilização das circulações, disposição de setores, tipologia de gôndolas, entre outros fatores que serão específicos conforme o público que se está buscando atender. Toda essa combinação irá garantir que o consumidor final tenha a melhor experiência de compra.
2 – É possível alinhar o estético e o funcional na arquitetura comercial?
Sim, claro. Para fazer este alinhamento, nós unimos pontos chaves que vão ser capazes de fazer este equilíbrio. Por exemplo: quando estudamos o público alvo, com base no que esse público está buscando, desenvolvemos um circuito de compras, chamado de jornada do cliente. Esse circuito é quem define o layout e a setorização da loja. Não há nada mais frustrante do que entrar em um ambiente e não conseguir fazer um mapa mental de onde cada produto vai estar. Então, se o destaque do mercado for a sessão de hortifruti, nós cuidamos para deixar a área mais na frente, porque vai ser o item que vai convidar o cliente a entrar na loja. Após isso, os outros produtos vão ser colocados em sequência organizada, permitindo que o consumidor faça o trajeto pela loja perfeitamente.
As pessoas estão ligadas ao espaço físico, mas também ao visual. Então, traçar esses caminhos estratégicos e totalmente conectados, vai ajudar a criar cenários na mente do consumidor, e isso faz com que o consumidor prolongue seu período dentro da loja. A gente consegue perceber essa estratégia de arquitetura sendo utilizada nos projetos de mercados de proximidade.
3 – Em mercados maiores, essa estratégia do circuito de compra funciona?
É necessário pensar em um circuito de compras em qualquer tipologia de loja, seja em um mercado pequeno de proximidades/conveniência ou um supermercado de grande porte, o que diferencia são as estratégias de disposição dos setores. Em um espaço maior, temos consequentemente mais produtos a expor e por isso precisamos criar formas de conexão de categorias de produtos, trazendo uma lógica neste circuito, permitindo que o cliente realize suas compras sem precisar retornar a algum ponto para completar a jornada. Outro ponto importante é pensar sempre nos produtos que estarão dispostos em cada etapa do circuito. Dificilmente em uma loja, a não ser que seja de conveniências, vamos inserir produtos mais pesados, como bebidas ou congelados, no início do circuito, esses sempre serão alocados ao final da jornada.
4 – Como essas soluções de arquitetura são aplicadas nos projetos da VZ&CO?
Para o desenvolvimento de projetos de mercados, assim como em outros projetos de arquitetura, o nosso time faz um estudo aprofundado de cada cliente para compreender não só os valores da marca, mas também o comportamento do público. Este ano, nós inauguramos um projeto inovador para o Villa Mercato: a loja de proximidade e a dark store, em Maringá (PR). Para este projeto, estudamos o comportamento do público em dois formatos, o que busca a comodidade das compras pela internet, então visamos uma distribuição das gôndolas para reduzir o tempo de separação dos produtos na dark store, alinhados com as estratégias do e-commerce e logística. Para a loja de proximidades, trouxemos toda a experiência de compra da loja física através de elementos decorativos, formato de gôndolas diferenciados, revestimentos, e tudo que remete ao conceito da marca para encantar o cliente que privilegia o contato presencial.
O cliente nos procurou para realizar o segundo projeto da marca, uma loja dentro do Mercadão de Maringá (PR), para este projeto como a loja 1 já está em funcionamento, tivemos a oportunidade de identificar alguns fatores de melhorias e pontos a serem explorados no novo projeto. Estamos desenvolvendo uma espécie de rollout, para a segunda loja, justamente para padronizar e manter a mesma qualidade e experiência aos consumidores.
5 – O rollout é uma maneira de aumentar a experiência do cliente no mercado?
Sim. O rollout, na arquitetura, é uma solução para aplicar o que está dando certo em um projeto. Para redes que contam com mais de uma loja em funcionamento, ele vai permitir que todas as técnicas de circuito de compras funcionem na outra loja, garantindo a mesma experiência ao consumidor. Além disso, essa técnica é uma excelente alternativa para quem deseja expandir as lojas no varejo.